Fotos
Lady Betty Lemon, viúva de um deputado, estropiada por tudo o que a idade acarreta, recebe uma carta a informá-la que ela foi eleita Mulher deficiente do ano. Isto horrorizou-a. Ela passa os 45 minutos seguintes ensaiando um discurso que nunca fará e protestando a favor de todos os ficaram deficientes por medo aos seus padres, charlatães, políticos carismáticos, casamentos, professores ignorantes e pais fanáticos.
A certa altura a sua cadeira de rodas motorizada ganha vida própria – mais uma das vicissitudes da sua vida. A única peça surrealista dentro do cânon e aquela que o autor descreve como ‘um auto-retrato de desafio e desespero’.
Encenação
A forma como a degradação da idade influência a qualidade de vida das pessoas idosas que, muitas das vezes, ainda muito lúcidas mas com grandes dificuldades físicas que a idade impõe cruelmente – as dores das artroses são impeditivas de uma movimentação que acompanhe a velocidade de discernimento mental – a fala que não consegue acompanhar a ligeireza do pensamento – são complementos que ajudam a criar um mundo, um círculo onde vivem com a sua solidão.
A solidão, o passar do tempo, as recordações o diálogo com os objectos que ganham vida própria e a esperança vã de falar com a filha, constituem o universo, o mundo de Betty Lemon.
A única ligação com o exterior é muito impessoal e distante e, por vezes, tão movimentada e frenética que é impossível de acompanhar, como no caso da TV e do telefone que é atendido por uma máquina.
Quando tudo já é suficientemente difícil e penoso eis que surge mais uma dificuldade a cadeira de rodas motorizada, que está para a servir, desobedece e revolta-se na sua condição e quer ocupar o lugar do laço que é o único que tem direito a ter as atenções da velha senhora e que nada faz por ela.
A indignação de Betty Lemon, à sua nomeação, como mulher deficiente do ano, motiva um retrato da sociedade que tem muitos deficientes, que mereciam ser condecorados e que não são reconhecidos como tal.” José Maria Dias
Ficha Artística e Técnica
Texto: Arnold Wesker | Tradução: Eduardo Dias e Rafaela Bidarra | Encenação, Espaço cénico, Desenho de Luz e Caracterização: José Maria Dias | Banda sonora e Adereços: Eduardo Dias | Interpretação: Graziela Dias | Figurino: Graziela Dias | Fotografia; Clube de Fotografia de Setúbal | Operação luz e Som: José Maria Dias | Rádio controle: Hobbyset – Nuno Jesus e Ricardo Marques |Montagem: António Machado, Júlio Mendão e Mário Pereira | Frente Casa: Manuel Ernesto e Bruno Moreira
Agradecimentos: Teatro Municipal Maria Matos, Teatro Municipal S. Luís, Clube de Fotografia de Setúbal, Outubrus Bar, La Bohéme, Elevens coffe Bar, Manuel Ernesto e Anita Vilar
Apoios: Câmara Municipal de Setúbal, Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, INATEL, Hobbyset
Apoios à Divulgação: O Setubalense, Correio de Setúbal/Sem+Mais Jornal, Jornal de Setúbal, Setúbal na Rede e Rádio Jornal de Setúbal