Doença Branca / Enfermedad Blanca / Bilá Nemoc (2020)

Em 1937, Karel Čapek escrevia “Doença Branca”, onde uma pandemia, muito semelhante à que vivemos hoje em dia, assolava o mundo. Curiosamente, tendo origem também na China e infectando principalmente pessoas acima dos 45 anos. Como habitual nos seus trabalhos, a doença é usada como pano de fundos crítica política e social. Na altura, o contexto de uma Segunda Guerra Mundial assombrava a Europa, e assim se utilizava uma “praga” como meio para justificar certos fins. Pelo meio surge um médico que descobre a cura, mas se recusa a entregá-la livremente caso não se trave a guerra, decidindo tratar apenas os pobres até que quem tenha poder para decidir aja de forma diferente.

Nesta encenação de excertos de “A Doença Branca”, reunimos intérpretes de diferentes localizações e origens (Brasil, Espanha/Canadá, Portugal, e República Checa). Assim como a pandemia é geral e global, também esta encenação o será. Assim como nos aconselham o “distanciamento social”, executaremos o distanciamento físico. Assim como Čapek expunha a guerra e o conflito e, possivelmente até, as fragilidades de um sistema de saúde, também nós o faremos.

Não sabemos se é teatro, se é performance, se é cinema… é uma expressão, uma manifestação, uma re-ligação para criamos.

Texto: Karel Čapek | Tradução: Eduardo Dias e Patrícia Pereira Paixão | Dramaturgia: Anna Luňáková, Eduardo Dias, Patrícia Pereira Paixão | Interpretação e Co-Criação: Anna Luňáková, Carlos Pereira, Eduardo Dias, Fábio Nóbrega Vaz, Ines Adan, Lupe Leal, Patrícia Paixão | Co-Produção: Casa Da Cultura Setúbal e Teatro Estúdio Fontenova | Operação Técnica: Leonardo Silva | Imagem e Design de Comunicação: Flávia Rodrigues Piątkiewicz | Estrutura Financiada: Governo de Portugal – Direção-Geral das Artes e Município de Setúbal

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In 1937, Karel Čapek wrote “White Disease”, where a pandemic, very similar to the one we live today, ravaged the world. Interestingly, it also originated in China and mainly infected people over 45 years of age. As usual in his work, the disease is used as a backdrop for political and social criticism. At the time, the context of a Second World War haunted Europe and thus used a “plague” as a means to justify certain ends. Through a doctor who discovers a cure, but refuses the deliver it freely does unless the war is stopped, meanwhile he decides to treat only the poor until those who have the power to decide act differently.

In this enactment of excerpts from “White Disease”, we bring together interpreters from different locations and origins (Brazil, Portugal, Spain / Canada and the Czech Republic). Just as the pandemic is general and global, so is this enactment. Just as we are advised “social distance”, we will execute the physical one. Just as Čapek exposed war and conflict, and possibly even the weaknesses of a health care system, so will we.

We do not know if it is theatre, if it is a performance, if it is cinema… it is an expression, a manifestation, a reconnection to create.

Text: Karel Čapek | Translation: Eduardo Dias and Patrícia Paixão | Dramaturgy: Anna Luňaková, Eduardo Dias, Patrícia Paixão | Interpretation and Co-Creation: Anna Luňakova, Carlos Pereira, Eduardo Dias, Fábio Nóbrega Vaz, Ines Adan, Lupe Leal, Patrícia Paixão | Co-Production: Teatro Estúdio Fontenova and Casa da Cultura | Technical Operation: Leonardo Silva | Image and Communication Design: Flávia Rodrigues Piątkiewicz | Structure Financed by: Governo de Portugal – Direção Geral das Artes and Munícipio de Setúbal

Não, não estava nos nossos planos. Mas havia vontade de fazer algo, de criar, de unir, de partilhar, de trazer também um pouco mais de sustentabilidade (uma gota) a quem a tem menos. E ali estava ele, como sempre, o Čapek a olhar para nós de volta e a responder-nos com uma distância de quase um século. Estrearemos este desafio feito com amor, alegria, entrega, reflexão e crítica… distantes fisicamente, mas muito próximos no coração.

No, it wasn’t in our plans. But there was a desire to do something, create, unite, share, as well as to bring a little more sustainability (a drop) for those who have less. And there he was, as always, our Čapek looking back at us and answering us from a distance of almost a century. We will premiere this challenge with love, joy, commitment, reflection and criticism… physically distant, but very close to each other in our hearts.