Hannah Arendt defendia na “Banalidade do Mal” que, em resultado da massificação da sociedade, se criou uma multidão incapaz de fazer julgamentos morais, razão porque aceitam e cumprem ordens sem questionar. A “Paz Perpétua” de Mayorga traz-nos novamente a essa realidade de Arendt, onde a Paz se constrói na falta de moralidade. Referindo-se o próprio título da obra de Mayorga ao ensaio filosófico de Kant que reflete a eterna questão “será que os fins justificam todos os meios?”, deixa-nos a premissa de uma reflexão demasiado actual: onde é que as medidas de segurança acabam e onde é que começa o terrorismo? O autor espanhol oferece-nos uma metáfora à ameaça terrorista global, três cães a competir por um lugar num corpo de elite de combate antiterrorista. Com o humor, por vezes negro, mas de um requinte de quem explora mais as suas dúvidas do que certezas, o autor ao dar às suas personagens a forma de animais, pode explorar ideias e conceitos que de tão brutais seriam inconcebíveis sair da boca de um ser humano, o que permite alargar a fronteira catártica desta sua metáfora.
Ficha técnica
Texto: Juan Mayorga
Tradução: Luísa Monteiro
Encenação: José Maria Dias
Assistência de Encenação: Graziela Dias
Interpretação: Carlos Pereira, Fábio Nóbrega Vaz, Graziela Dias, Patrícia Paixão, Sara Túbio Costa
Apoio à Fisicalidade: Ricardo Gaete
Coreografia Cenas de Luta: Carlos Pereira e Rosa Dias
Cenografia: José Manuel Castanheira
Figurinos: Lucília Telmo
Sonoplastia: Emídio Buchinho
Temas: “The Beyond”, “Game Over”, “Corrupt By Design”, “Violence Machine” e “Unto the Frost”, por Jacob Lizotte
Imagem e Design de Comunicação: Flávia Rodrigues Piątkiewicz
Vídeo: Leonardo Silva
Fotografia: Helena Tomás e Leonardo Silva
Operação técnica: Rui Alves e Tomás Anjos Barão
Produção Executiva e Comunicação: Graziela Dias e Patrícia Paixão
Agradecimentos: João Teixeira, José Santos e Sara Batista
77ª produção do Teatro Estúdio Fontenova, uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura | Direção-Geral das Artes e pelo Município de Setúbal, e associada da PerformArt e d’A Descampado.
Aviso: Este espectáculo utiliza luz estroboscópica.
Duração aprox: 80 min.
Class.: M/12
Apresentações anteriores
- Estreia: 21–23 Abril 2021 às 20h / 24 e 25 Abril às 11h / A Gráfica – Centro de Criação Artística (Ladeira da Ponte de São Sebastião).
- 10 Junho 2021 / 19h30 / Auditório António Chainho, Santiago do Cacém (Litoral EmCena)
- 11 Junho 2021 / 19h30 / Auditório da ESPAM, Vila Nova de Santo André (Litoral EmCena)
- 12 Junho 2021 / 19h30 / Centro de Artes de Sines (Litoral EmCena)
- 18 e 19 Agosto 2021 / 21h / Escola Secundária Sebastião da Gama, Setúbal (Festival Internacional de Teatro de Setúbal)
- 7 Outubro 2021 / 21h30 / A Bruxa Teatro, Évora
- 15–16 Outubro 2021 às 21h / 17 Outubro 2021 às 16h / Teatro da Comuna, Lisboa
- 12 Novembro 2021 / 21h / Teatro Municipal Sá de Miranda, Viana do Castelo (Festival de Teatro de Viana do Castelo)
- 25 Novembro 2021 às 15h / 26 Novembro 2021 às 21h / Teatro Lethes, Faro
- 11 Fevereiro 2022 / 21h30 / Teatro-Cine de Torres Vedras
- 22 Julho 2022 / 22h30 / Largo de S. João, Palmela (FIAR – Festival Internacional de Artes de Rua)
- 13 Outubro 2022 / 21h30 / Montemor-o-Novo – Sociedade Antiga Filarmónica Montemorense “Carlista”
Livro
Diálogos Imediatos
Entre o segundo adiamento e a estreia definitiva da peça, organizámos uma série de doze conversas online, à volta de temas que o texto d’”A Paz Perpétua” nos suscita, com convidadxs. Ver aqui o programa e as gravações